sábado, 16 de dezembro de 2023

                           O DIA EM QUE FUI PAPAI NOEL



Sabedores de que um dos meus sonhos era um dia vestir-me de Papai Noel, a EE. Maria Floripes, onde minha filha Cátia Regina de Castro era professora, me convidou para ser o Papai Noel, naquela semana do Natal e quando também se iria comemorar o aniversário de um dos alunos do curso fundamental. Convidado, aceitei de imediato e combinamos que eu me vestiria numa sala fechada onde eu me arrumei super emocionado: no dia, na hora e aí, ne perguntando o que farei, o que fazer, o que falar???

Já pronto, sem saber o que fazer e já tremendo de medo ouço: Vamos receber agora em nossa escola o Papai Noel! Viva Papai Noel!!!  Viva Papai Noel!!! Subo, já como Papai Noel, dois lances de escada, sob muitos vivas e muitas palmas, chego mudo e calado, não sei o que falar e deixo acontecer e fortemente me marcaram duas perguntas e uma afirmação, de três crianças:

-- sinto puxar-me a manga da túnica e um menino me perguntando: Papai Noel, eu vou ganhar a bicicleta que pedi???   ---- digo que sim e vai que ele não ganha!!! --- fico calado, não sei o que responder – e ele insisti: vou ganhar, vou ganhar?  ---somente o meu olhar triste e sem resposta!

-- logo em seguida, do outro lado, uma criança me dá a mão e responde pra mãe: -NÃO quero nem bolo e nem guaraná, eu só quero ficar bem perto de Papai Noel! – não sei o responder, o que falar.

-- terceiro menino - diante de uma mudez congelada deste Papai Noel ---Papai Noel, Papai Noel, quando acabar aqui o senhor passa comigo lá em casa??? -- quero lhe mostrar uma coisa! Passa? Passa??? -- digo que sim e não vou? Digo que não e entristeço aquele pequeno coração???

Depois desses três enfrentamentos e acho que também por um Papai Noel mudo e calado, dão um jeito de me dispensar e eu rapidamente, quase correndo, corro pra sala em que me transformei em Papai Noel e sento-me, ainda como Papai Noel e choro, choro copiosamente, com lágrimas de que, não sabia porquê, um já quase velho professor, não tinha falas e nem respostas para três questões tão simples, naquele mágico espaço de tempo. Foi uma experiência fortíssima na minha vida, me marcaram, me fizeram – mesmo totalmente mudo e calado, ter nova crença e ainda mais forças para continuar professor.

O mais interessante disso tudo é que alguns anos depois me tornei, também professor da Escola Maria Floripes e creiam, de verdade, continuo a acreditar em Papai Noel. Ele existe! Você acredita? Eu acredito neste BOM NATAL. Feliz Natal e um ano de muita saúde, trabalho e realizações.


Mário de Castro

 

4 comentários:

  1. Pois é caro Mário, a vida é repleta de anseios e oportunidades. Pelo menos acho que realizou um belo sonho e a oportunidade de concatenar reflexões que tocaram a alma e o coração ❤️ e com certeza vão direcionar o futuro. Bela realização.

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  2. "Três questões tão simples" quando questionadas, mas que podem ser muito complexas para serem respondidas. A vida é uma eterna escola, onde as trocas são ensinamentos e aprendizados.
    Um Natal cheio de saúde e paz!🎅

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  3. Realmente Mário, uma experiência contagiante e de muita emoção.
    Levar a tradição e fantasia do nosso querido Papai Noel deve ter sido inesquecível também para aqueles pequeninos.
    Parabéns.....eu acredito!

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  4. Muito emocionante! Às vezes, não sabemos como reagir, mas acho que, no fundo, é só porque nos importamos tanto, que a cabeça entra em colapso tentando achar o melhor caminho; se importar é sempre o mais importante!

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