O DIA EM QUE FUI PAPAI NOEL
Sabedores de
que um dos meus sonhos era um dia vestir-me de Papai Noel, a EE. Maria
Floripes, onde minha filha Cátia Regina de Castro era professora, me convidou
para ser o Papai Noel, naquela semana do Natal e quando também se iria
comemorar o aniversário de um dos alunos do curso fundamental. Convidado,
aceitei de imediato e combinamos que eu me vestiria numa sala fechada onde eu
me arrumei super emocionado: no dia, na hora e aí, ne perguntando o que farei, o
que fazer, o que falar???
Já pronto, sem
saber o que fazer e já tremendo de medo ouço: Vamos receber agora em nossa
escola o Papai Noel! Viva Papai Noel!!!
Viva Papai Noel!!! Subo, já como Papai Noel, dois lances de escada, sob
muitos vivas e muitas palmas, chego mudo e calado, não sei o que falar e deixo
acontecer e fortemente me marcaram duas perguntas e uma afirmação, de três
crianças:
-- sinto
puxar-me a manga da túnica e um menino me perguntando: Papai Noel, eu vou
ganhar a bicicleta que pedi??? ----
digo que sim e vai que ele não ganha!!! --- fico calado, não sei o que
responder – e ele insisti: vou ganhar, vou ganhar? ---somente o meu olhar triste e sem resposta!
-- logo em
seguida, do outro lado, uma criança me dá a mão e responde pra mãe: -NÃO quero
nem bolo e nem guaraná, eu só quero ficar bem perto de Papai Noel! – não sei o responder,
o que falar.
-- terceiro
menino - diante de uma mudez congelada deste Papai Noel ---Papai Noel, Papai
Noel, quando acabar aqui o senhor passa comigo lá em casa??? -- quero lhe mostrar
uma coisa! Passa? Passa??? -- digo que sim e não vou? Digo que não e entristeço
aquele pequeno coração???
Depois desses
três enfrentamentos e acho que também por um Papai Noel mudo e calado, dão um
jeito de me dispensar e eu rapidamente, quase correndo, corro pra sala em que
me transformei em Papai Noel e sento-me, ainda como Papai Noel e choro, choro
copiosamente, com lágrimas de que, não sabia porquê, um já quase velho
professor, não tinha falas e nem respostas para três questões tão simples,
naquele mágico espaço de tempo. Foi uma experiência fortíssima na minha vida,
me marcaram, me fizeram – mesmo totalmente mudo e calado, ter nova crença e ainda
mais forças para continuar professor.
O mais
interessante disso tudo é que alguns anos depois me tornei, também professor da
Escola Maria Floripes e creiam, de verdade, continuo a acreditar em Papai Noel.
Ele existe! Você acredita? Eu acredito neste BOM NATAL. Feliz Natal e um ano de
muita saúde, trabalho e realizações.
Mário de Castro