quinta-feira, 10 de agosto de 2017

DIA A DIA OU ESCOLA DE VIDA OU EMPREENDEDORISMO - um linguajar de ontem e hoje
...Dia a Dia e Escola de Vida, como o título nos sugere, é o caminhar corajoso de pessoas e empresa que pode ter a ousadia de virar a pirâmide social, mostrando sua força de mudança constante e uma vontade incontestável de um trabalho de qualidade; uma reflexão diária para nós e nossos gestores.


Ainda ontem, quando nos falaram que aquela mocinha não enxergava, desde que nasceu, jamais pude acreditar! Como? Ela era, já naquela época, final da década de 50,uma das melhores empregadas da seção de estamparia da Cia. Têxtil Belo Horizonte – como, se me parecia que ela via pelas mãos, pelo tatear, pelo cheiro, pelo coração? COMO SE CHAMA ISTO, ESTE NÃO ENXERGAR?. Também ontem , o “Jorge Veiga” que tinha dificuldade de andar, mas era um só sorriso e trabalhava de esmoler, nos jardins da Igreja de São José, nos corredores norte sul ou vice verso, em que aproveitávamos para um sinal “ da cruz “ rápido, diante da igreja, e o pedido e resposta dele mesmo (o Jorge) – um trocado por favor, mas... pode me dar sem trocar mesmo – Porque ele sempre sorria? Como ele estava todos os dias no seu posto de trabalho, sem “poder” andar? NÃO SEI COMO SE CHAMA ISTO, ESTE NÃO ANDAR? Num ontem mais próximo, não sabíamos o que impedia( e não sei até hoje ) a aquele senhor, aparentemente jovem para a época, de fazer, realizar maiores façanhas que fosse fora de sua pequena ilha, numas das esquinas da Av. Afonso Pena. Só sabemos, e isto ficou registrado, que ele estava sempre na luta - com vai seu tenente? - tô na luta, era a costumeira resposta. COMO SE CHAMA ISTO, PRESENÇA CONSTANTE? Podemos refletir ainda no atendimento feito na cidade de Divinópolis, para a Secretaria da saúde – até então um dos grandes clientes do correios em Minas Gerais, com o Projeto Escola “um caso” de Parceria, para a Escola A Vida, para jovens especiais; nos assustamos em descobrir que aqueles jovens não falavam a minha “língua” mas, várias outras que não tínhamos visto ou faltado coragem para aprender .
Caminha se um tanto neste mundo de Deus, nesta Escola de vida, ou NESTE, que tenho receio e passo para NESSE, empreendimento e um novo lembrar de alguém, já com este termo de necessidade especial( ainda muito pesado e muito usado), porquê, talvez, o que faltasse ali naquele meio fosse só aconchego – ...meu pai, tio M, se chama buzina e seu apelido é zé Carlos! OUTRA VEZ! COMO SE CHAMA ESTA FALTA DE POUCO,QUASE NADA, QUE É TUDO AO MESMO TEMPO? E então, em um aprender vagaroso, num “ pari passu ”, víamos um trabalho público se transformar, mais uma vez, nesse tal de empreendimento e havia, em alguns propagadores ferrenhos, o querer mostrar, o usar de “ fontes, de beber/, saber” . Será que estes, sempre estes, insisto, nobres da estamparia, do esmoler, do jorge B, do seu tenente ou do buzina, dos desprovidos de vozes rotineiras, tem nos levado a um novo enxergar, em vez de só ver, de ouvir e escutar? QUE “NOVA” AÇÃO É ESTA? COMO SE CHAMA ISTO? Fé, coragem, acreditar que pode mudar o outras “ferramentas e armas, não sabemos, de uso costumeiro” dessa nova gente, destes novos trabalhadores para os quais, os problemas, os medos, os anseios e as preocupações são apenas oportunidades, como faz o povo asiático( muitos deles); ou será que beberam da obra de Dom Helder Câmara: - ser como a cana que após esmagada, ainda produz doçura. Ou ainda, será que souberam, que nesta casa, “neste sitio com várias fontes” já se pregava um dos melhores conceitos de Essência que tive oportunidade de conhecer: MÍNIMO SEM DEIXAR DE SER, o que sobra, a água-de-colônia é acidente. Noutras paragens, nesta casa maior, a exemplo do SPI, garantimos, se tem ouvido este conceito de essência. Qualquer que seja, ainda, o termo, o linguajar usado, não sabemos se, o mais adequado dentre todos seria Inclusão Social, Necessidades Especiais, de identificação deste trabalhador.
O bom é que pequenos ensaios, senhores gestores, colegas dos correios em Minas Gerais, tem sido feito, há bastante tempo, em algumas escolas, meios educacionais e empresas, que ousaram “virar a pirâmide”. Alguns pequenos voos, ameaças de voos, que não sabemos dizer os nomes, já estavam imbuídos desta ânsia( oportunidade) querendo mostrar a que vieram; forças de trabalho cheios de “querença”, de fé e de vontade. Não são jovens que vieram para o trabalho para mostrar ou expor necessidades, mas, sim para que pudéssemos ver, que são capazes, independentes, libertários para a vida, para o dia a dia e ainda mais para o trabalho. Há que se considerar a qualidade de trabalho desta nova força, nesta casa,, há que se ver, por nossos gestores e colegas de trabalho e quiçá, em toda empresa, que elas são, antes de tudo pessoas, trabalhadoras que poderão estar, não com as ferramentas que temos, e que achamos quesão eficientes e valorosas armas, mas com outras. Estes novos “tamoios”, com armas simples, que não são as que temos mas, que são, na maioria das vezes muito mais eficazes, praticamente 800 colaboradores de primeira qualidade, não porque precisam ser, mas porque querem e são. Nós hoje,mais de 1184 pessoas, em nossa maioria, precisamos refletir sobre a diferença entre precisar e querer, dar e receber, ter coragem de saber que entre ver e enxergar mora uma diferença muito grande. Estes colegas de inclusão social, de “possíveis, mais do que possíveis” portadores de necessidades especiais, são, sem medo de errar, “sem medo de ser feliz”, um alavancar, o momento da aglutinação de forças qualificadas das grandes oportunidades de uma empresa que busca valores, entre os seus e, sem NENHUM SENÃO.
Mário de Castro


                 50 – CINQUENTA – ANOS DO COLÉGIO RIACHUELO -  05 DEZEMBRO 2015



MINHA FALA NESTA NOITE DE 05 DE DEZEMBRO 2015 NO RECINTO – TAMBOR – DE PROPRIEDADE DO ARTISTA MAURÍCIO TIZUMBA, NOSSO ALUNO DÉCADA DE 1970




COISAS QUE FALEI:  Duas coisas muito importantes que aconteceram na minha vida: O CORREIO, onde eu construí a minha vida e o COLÉGIO RIACHUELO onde eu comecei a minha vida como Professor, onde eu joguei meu coração. Uma minha cunhada MARLUCE aluna do Colégio,  pergunta à Professora e  Diretora Ady:  - meu cunhado  “é professor”, a senhora não está precisando de um professor? - diga a ele para vir aqui na escola, o mais rápido possível; e eu fui, naquela mesma manhã, e conversamos e eu perguntei: quando começo? - hoje mesmo, esteja aqui as 19 horas. AS 19:15H do dia 12 de março de 1969, dei a minha 1ª aula, no então “Ginásio Comercial Riachuelo”. Lá ficamos de março de 1969 até o último dia de aula do colégio na noite do dia 6 de agosto de 1983. Nesta escola eu comecei minha vida como professor. Quanta coisa boa aconteceu na minha vida, a minha família, Terezinha minha esposa. Minha filha Carla e minha filha Cátia, Professora Cátia que eu encontrei muitas vezes em corredor do Colégio Prisma, professor e professora e onde íamos fazer lanche, lá perto, lanchonete do Vinícius, nosso aluno no Riachuelo e sobrinho de Dª Ady. Quanta coisa boa, quantas felicidades como professor, são 57 anos de Correio e 47 de sala de aula como professor. Quantos casos prá contar, hoje mesmo falamos de sonhos já e eu me lembrei que em uma das escolas perguntei à uma professora universitária – qual é o seu grande sonho? E ela me respondeu: aposentar-se e eu falei com tristeza disso, aposentar não é sonho e ela então pergunta e você, COM MAIS DE 40 ANOS COMO PROFESSOR, qual é seu sonho? E eu respondi: sonho em me tornar educador; e ela não sei se riu de mim ou para mim – 40 anos de professor, quando vai ser isto, nunca!  E eu respondi – não sei quando vai ser mas eu sei que sou professor  e quando se der este sonho, mesmo que seja no final e Deus me falar – ÉS EDUCADOR, eu vou ficar feliz; digo sempre quero morrer em sala de aula. E em nossa escola quantas alegrias, quantos casos, no nosso Colégio Riachuelo. Quantos casos para contar de nossos alunos e de NOSSA ESCOLA: no prédio velho, na primeira sala na direita, no intervalo de recreio deixei o livro de chamada semiaberto e quando voltei ele  estava  aberto e com um bilhete: - CUIDADO!  VOCÊ ESTÁ SOB A MIRA DO SOMBRA; ATENÇÃO – O SOMBRA MORREU E VOCÊ ESTÁ AGORA SOB A MIRA    DO SOMBRINHA, SEU SOBRINHO. A mudança para o prédio novo e cada aluno, cada professor, no horário noturno de aulas, subindo o morro, carregando sua carteira, sua cadeira – quanta alegria. O caso de Dª Maria, servente no prédio novo que queria ser professora e Dª Ady deu todo apoio e ela agora aluna morrendo de medo da 1ª aula de estágio, numa Escola Municipal, na Rua Cantagalo, perto do Colégio e, a professora de didática, preparando para lhe dar confiança, em sua primeira aula: se deu assim, com muita coragem, cada criança, na sala de estágio, entregou á futura Professora Maria, uma rosa vermelha. (a Professora de didática, no Colégio Riachuelo, responsável por este êxito, faleceu pouco tempo depois, uma jovem professora). A Professora Maria me contou, depois disso, um dia varria a frente do Colégio e uma das crianças do estágio passou e disse: uai! Lá na minha escola a senhora é professora e aqui a senhora varri?  O Maurício Tizumba nosso aluno nos deu muito trabalho. - entreguei, a  ele, a pedido do cerimonial, uma placa e contei do nosso encontro no viaduto Santa Tereza, onde ele me disse que tinha acabado de voltar do Japão; após a entrega e depois de duas músicas do Tizumba, saímos a francesa, eu e Cátia. `Ganhei um trabalho artesanal, em garrafa, feito por uma de nossas alunas, Simone, com as figuras do colégio no prédio velho e no prédio novo. Colégio Riachuelo onde eu joguei meu coração aprendendo a ser professor. Obs. Na mesa e no salão do “TAMBOR” ( Casa  de Eventos do Tizumba) ,   vimos tantos alunos e professores que não lembráva-mos os nomes e soubemos de tantas  coisas e de notícias de muitos que já se foram e não  estão mais conosco.  Foi muito bom para mim, muito agradável o encontro, tive a oportunidade de apresentar muitas vezes, a Professora Cátia, minha filha. 


OBS:  logo após o encontro, na segunda-feira dia 07/12/ 2015, a aluna Lúcia Helena, que estava toda feliz no encontro veio a falecer, teve um infarto, aqui em Belo Horizonte.



TAMBOR - Belo Horizonte, dezembro de 2015.


Prof. Mário de Castro